Poema sujo

Código: 18964

CDU: Literatura

Localização: 82/G973p

Autor Principal: GULLAR, Ferreira

Editora: Companhia das Letras,  Local de Publicação: São Paulo,  Ano de Publicação: 2016

Ano do Material: 2016, Tipo de Material: Livros

Paginação: 109 p.

Idioma: PORTUGUÊS

Assuntos:

Poesia Brasileira

Literatura Brasileira

Resumo: Publicado originalmente em 1976, Poema sujo transformou a paisagem da poesia brasileira com sua torrente arrebatadora de versos, expressão máxima de uma subjetividade convulsa pela atmosfera sufocante da ditadura. O poema foi escrito na Argentina, onde o autor se encontrava exilado. "Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre", escreveu Gullar. "Imaginei que poderia vomitar, em escrita automática, sem ordem discursiva, a massa da experiência vivida - lançar o passado em golfadas sobre o papel e, a partir desse magma, construir o poema que encerraria a minha aventura biográfica e literária." Quarenta anos depois, o poema continua atual como nunca. SOBRE O AUTOR => FERREIRA GULLAR cujo nome verdadeiro era José de Ribamar Ferreira, nasceu em São Luís do Maranhão, MA, em 10 de setembro de 1930, numa família de classe média pobre e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 4 de dezembro de 2016. Dividiu os anos da infância entre a escola e a vida de rua, jogando bola e pescando no Rio Bacanga. Considerava ter vivido numa espécie de paraíso tropical e, quando chegou à adolescência, ficou chocado em ter que tornar-se adulto, e tornou-se poeta. No começo acreditava que todos os poetas já haviam morrido e somente depois descobriu que havia muitos deles em sua própria cidade, a algumas quadras de sua casa. Passou então, já com seus dezoito anos, a frequentar os bares da Praça João Lisboa e o Grêmio Lítero Recreativo, onde, aos domingos, havia leitura de poemas. Descobriu a poesia moderna apenas aos dezenove anos, ao ler os poemas de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira. Ficou escandalizado com esse tipo de poesia e tratou de informar-se, lendo ensaios sobre a nova poesia. Pouco depois, aderiu a ela e adotou uma atitude totalmente oposta à que tinha anteriormente, tornando-se um poeta experimental radical, que tinha como lema uma frase de Gauguin: ?Quando eu aprender a pintar com a mão direita, passarei a pintar com a esquerda, e quando aprender a pintar com a esquerda, passarei a pintar com os pés?. Ou seja, nada de fórmulas: o poema teria que ser inventado a cada momento. ?Eu queria que a própria linguagem fosse inventada a cada poema?, diria ele mais tarde. E assim nasceu o livro que o lançaria no cenário literário do país em 1954: A luta corporal. Os últimos poemas deste livro resultam de uma implosão da linguagem poética, e provocariam o surgimento na literatura brasileira da poesia concreta, de que Gullar foi um dos participantes e, em seguida dissidente, passando a integrar um grupo de artistas plásticos e poetas do Rio de Janeiro: o grupo neoconcreto. O movimento neoconcreto surgiu em 1959, com um manifesto escrito por Gullar, seguido da Teoria do não-objeto, estes dois textos fazem hoje parte da história da arte brasileira, pelo que trouxeram de original e revolucionário. São expressões da arte neoconcreta as obras de Lygia Clark e Hélio Oiticica, hoje nomes mundialmente conhecidos. Gullar, por sua vez, levou suas experiências poéticas ao limite da expressão, criando o livro-poema e, depois, o poema espacial, e, finalmente, o poema enterrado. Este consiste em uma sala no subsolo a que se tem acesso por uma escada; após penetrar no poema, deparamo-nos com um cubo vermelho; ao levantarmos este cubo, encontramos outro, verde, e sob este ainda outro, branco, que tem escrito numa das faces a palavra ?rejuvenesça?. O poema enterrado foi a última obra neoconcreta de Gullar, que se afastou então do grupo e integrou-se na luta política revolucionária. Entre 1962 e 1966 publicou três poemas em estilo de cordel, numa tentativa de alcançar de forma mais direta o leitor popular. Entrou para o Partido Comunista e passou a escrever poemas sobre política e participar da luta contra a ditadura militar que se havia implantado no país, em 1964. Foi processado e preso na Vila Militar. Mais tarde, teve que abandonar a vida legal, passar à clandestinidade e, depois, ao exílio. Deixou clandestinamente o país e foi para Moscou, depois para Santiago do Chile, Lima e Buenos Aires. Em 1976 escreveu o importante ensaio ?Augusto dos Anjos ou morte e vida nordestina?, sobre o grande poeta paraibano. Voltou para o Brasil em 1977, quando foi preso e torturado. Libertado por pressão internacional, voltou a trabalhar na imprensa do Rio de Janeiro e, depois, como roteirista de televisão. Durante o exílio em Buenos Aires, Gullar escreveu Poema sujo ? um longo poema de quase cem páginas ? que é considerado a sua obra-prima. Este poema causou enorme impacto ao ser editado no Brasil e foi um dos fatores que determinaram a volta do poeta a seu país. Poema sujo foi traduzido e publicado em várias línguas e países. De volta ao Brasil, Gullar publicou, em 1980, Na vertigem do dia e Toda poesia, livro que reuniu toda sua produção poética até então. Voltou a escrever sobre arte na imprensa do Rio e São Paulo, publicando, nesse campo, dois livros, Etapas da arte contemporânea (1985) e Argumentação contra a morte da arte (1993), onde discute a crise da arte contemporânea. Outro campo de atuação de Ferreira Gullar é o teatro. Após o golpe militar, ele e um grupo de jovens dramaturgos e atores fundou o Teatro Opinião, que teve importante papel na resistência democrática ao regime autoritário. Nesse período, escreveu, com Oduvaldo Viana Filho, as peças Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come e A saída: Onde fica a saída? De volta do exílio, escreveu a peça Um rubi no umbigo, montada pelo Teatro Casa Grande em 1978. Mas Gullar afirmava que a poesia era a sua atividade fundamental. Em 1987, publicou Barulhos e, em 1999, Muitas vozes, que recebeu os principais prêmios de literatura daquele ano. Em 2002, foi indicado para o Prêmio Nobel de Literatura.

Referência Bibliográfica: GULLAR, Ferreira. Poema sujo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, 109 . p.

ISBN: 978-85-359--2767-2

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